Coordenador Diocesano: Beto Sato - (43) 99902-0004
Assessor Diocesano: Padre Alex Reis
PASTORAL DO EMPREENDEDOR O que é, como surgiu, o que faz, como implantar...
A Pastoral do Empreendedor (PE) é uma iniciativa da Igreja Católica Apostólica Romana, com a missão específica de cuidar pastoralmente dos empreendedores. Como sabemos, os empreendedores frequentam as nossas missas e os nossos grupos, mas se encontram como ovelhas sem pastor, ou seja, sem um olhar direcionado e próprio. Falta-lhes, portanto, um espaço eclesial onde possam ser acolhidos e compreendidos, onde suas buscas e anseios sejam contemplados. Desta percepção, nasceu a Pastoral do Empreendedor, para ser um lugar de acolhida e vivência da Palavra de Deus, dos sacramentos, do compromisso eclesial e social, com linguagem e dinâmica próprias do mundo do empreendedorismo. A PE procura superar a dicotomia entre o “Pai nosso” e o “Pão nosso”, a mística e o labor diário, o domingo e a segunda-feira e mostra que a prece precisa ser articulada com a praça e a fé não se sustenta sem a vida. O mundo dos empreendedoeres precisa de valores de inspiração cristã. A PE é diferente de uma associação de empreendedores católicos ou algo parecido, pois ela está ligada diretamente à paróquia e/ou à diocese, como todas as outras pastorais, onde o modelo é o Bom Pastor e o diretor espiritual é o pároco ou outro padre designado pelo bispo diocesano. Percebemos que alguns empreendedores se sentem chamados a pastorear outros empreendedores. É uma vocação bonita e específica. Esses formam o núcleo da pastoral que exerce diversos serviços de pastoreio aos outros empreendedores.
O QUE É ? COMO SURGIU ? O primeiro núcleo da PE surgiu em 2011 na Paróquia Nossa Senhora da Luz, no Bairro da Pituba, em Salvador, por iniciativa do então pároco, Frei Rogério Soares. O evento motivacional para o surgimento desse núcleo foi o 1º Encontro de Católicos Empreendedores promovido pela paróquia com a presença como palestrante de Pe. João Carlos Almeida (Pe. Joãozinho, scj) que algum tempo antes havia publicado o livro “As sete virtudes do líder amoroso”, especialmente voltado para líderes empreendedores. Essa parceria se repetiu por todo o Brasil e começaram a surgir núcleos da PE em diversas paróquias e dioceses. Frei Rogério tinha em seu coração que o fundador de sua congregação, os Mercedários, o leigo São Pedro Nolasco (1183-1256), era um empreendedor e usou toda sua habilidade para atuar na libertação de cativos sequestrados pelos Mouros. Pe. Joãozinho também tinha claro que o seu fundador, Pe. Léon Dehon (1843-1925), precursor e divulgador da Rerum Novarum, atuou fortemente junto aos operários e patrões desde o século 19. Dois carismas reconhecidos pela Igreja se uniram para promover essa nova e pastoral. Dessa forma, perceberam também que a Pastoral do Empreendedor tem raízes desde a primeira página da Sagrada Escritura, quando Deus Criador dá ao ser humano a criatividade e a missão de cuidar da criação. Empreender é continuar a obra do Criador. Jesus falou diversas vezes sobre isso, como na parábola dos talentos, e escolheu como base do seu grupo de apóstolos os irmãos Pedro e André, Tiago e João, que juntamente com seu pai Zebedeu eram donos de uma empresa de pesca em Cafarnaum. Eram empreendedores. A Doutrina Social da Igreja, especialmente no Compêndio, publicado em 2004 tem sólidas páginas sobre o significado cristão da empresa e do empreendedor. Os Documentos da CNBB sempre citam esse areópago da Evangelização. Mas faltava uma estrutura mais orgânica e sistemática que agora surge com a PE que, desde 2017, no 1º Encontro Nacional da PE (SP) escolheu uma Coordenação Nacional que se reune periódicamente para acompanhar e orientar o surgimento dos novos grupos. Em 2018 aconteceu em São Paulo o 2º Encontro Nacional e, agora, em Curitiba, acontece o 3º Encontro Nacional. Aos poucos vai sendo ultrapassada a fase da pastoral espontânea e informal e é possível enxergar mais claramente o perfil dessa nova pastoral. Nessa primeira fase do surgimento da PE Dom Murilo S. R. Krieger tem atuado gentilmente como bispo referencial e amigo na tarefa de discernir os caminhos desse sopro do Espírito para a Igreja no Brasil. Evangeliza o empreendedor por meio de reuniões semanais nas quais se proclama, medita e partilha a Palavra de Deus, especialmente a Boa Nova de Jesus Cristo, por meio de uma linguagem apropriada, extraindo dos textos sagrados luzes e exemplos que possam iluminar o dia a dia dos negócios. Sabemos que a Sagrada Escritura é rica em fatos, orações, histórias, parábolas e instruções que, bem interpretadas, se tornam recursos de sabedoria e força para o empreendedor nos seus momentos de desafios e decisão. A PE, também, fomenta no empreendedor a espiritualidade, ensinando-o a orar com os acontecimentos do cotidiano e ter uma postura de fé diante dos desafios. Para isso, realizam-se missas com homilias e orações direcionadas aos empreendedores, bem como re?ros de finais de semana, estudos de temas ligados ao empreendedorismo e a promoção de eventos de grande público, que em geral é conhecido como Encontro de Católicos Empreendedores. Nesse encontro procura-se fazer a ponte entre temas do universo corporativo e a luz da fé cristã com linguagem e metodologias bem próprias do mundo dos negócios, afastando porém, qualquer tendência de Teologia da Prosperidade e outras leituras reducionistas. Outra prática que vem sendo adotada por muitos núcleos são as mini-palestras, sempre com temas relacionados com a vida do empreendedor, por meio de palestrantes voluntários.
O QUE FAZ ? COMO IMPLANTAR ? É muito simples. Basta reunir um pequeno grupo de empreendedores interessados e procurar o pároco e/ou o bispo, demonstrando o interesse de criar a PE. Depois da autorização, apoio e presença do pároco/bispo, sugerimos montar um Encontro de Católicos Empreendedores para um público maior, com palestrantes experientes indicados pela própria PE Nacional. Com certeza desse encontro maior surgirão alguns empreendedores “vocacionados” para pastorear seus pares. Forma-se então o núcleo que promoverá as reuniões semanais e as outras atividades da PE. Para isso a coordenação nacional está elaborando uma série de subsídios. Os empreendedores são muito criativos e organizados por natureza e acabam assumindo a PE como um verdadeiro empreendimento eclesial. É preciso tomar cuidado para não desvirtuar a iniciativa, transformando a PE, por exemplo, em grupo de captação de recursos ou um negócio eclesial. O objetivo é pastorear o empreendedor e essa meta nunca deverá se perder de vista. A Pastoral do Empreendedor deve ser dinâmica, organizada, criativa, ter metas claras, planejamentos e o tempo otimizado. No mais, é só deixar o Espírito Santo agir. Percebemos que surgem novos núcleos a todo instante e por todo o Brasil. Procuramos manter a organicidade, mas reconhecemos que essa obra é uma iniciativa do próprio Pai que “trabalha sempre” e é modelo para todo empreendedor.